sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

TIPo bixo

O título de Leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre foi concedido pelo Império à cidade, em 19 de outubro de 1841, em função da histórica resistência empreendida contra o Exército Farroupilha em suas investidas para a tomada da cidade, pois era considerada por este de fundamental importância para a continuidade da campanha.

truco adelante !!

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Sem escolha

Autor: Alexandre Faccioni Barcellos

TE ANINHA CARENTE EM MEUS BRAÇOS MINHA PRENDA
E ME AQUENTA INVERNIA COM O CALOR DE TEUS LÁBIOS
ESSE VULTO SAGRADO QUE EM TEU CORPO EU VISLUMBRO
E A VONTADE INERENTE DE SER TEU PARA SEMPRE

COMO EU TE QUERO TU NEM IMAGINAS
NEM TAMPOUCO ACREDITAS NESSE POBRE PEÃO
FERINDO SEU CORAÇÃO CADA VEZ QUE SUPLICA
TUA VOLTA PRO RANCHO NO CALOR DA PAIXÃO

EU NÃO ACREDITO NO QUE ME FASCINA
E MAIS ME ADMIRA ESSE AMOR TAPERA
SOBREVIVE ENTRE CINZAS DE PAIXÃO JUDIADA
E GALOPA MUI TRISTE POR ESSA INVERNADA

E AOS BERROS SE VAI PARA UM FUNDO DE CAMPO
ENCONTRAR SEU DESTINO NUMA CERCA ESTOURADA
QUAL POTRA MAL ENFRENADA EM NOITES SEM LUA
QUE O BREU DESSA VIDA SE APOSSA E CULTUA

A PARTIR DE AGORA SE MANDA “A LA CRIA”
ENCONTRAR UM REFÚGIO EM UMA OUTRA ESTÂNCIA
ESSE AMOR SEM RETORNO CASTIGA A VIVÊNCIA
DUM TAURA QUE AMANDO TEIMAVA E NÃO VIA.

truco adelante !!

invernia - frio, baixa temperatura
prenda - mulher gaucha, analogamente chamada de prenda em função de rara beleza, mimo
invernada - local de pastagem para o gado. Cada estância geralmente tem mais de uma invernada. Também utilizada para designar "setores" de um CTG - Centro de Tradições Gaúchas (Invernada campeira, invernada artística...)
a la cria - já explicitada em posts anteriores
estância - já explicitada em posts anteriores
taura - já explicitada em posts anteriores
tapera - moradia abandonada, em ruínas ou mau estado de conservação
cerca estourada - local onde existe uma brecha em uma cerca de arame

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Guria dos meus encantos

Autor: Alexandre Faccioni Barcellos

Essa minha poesia foi transformada em música, gravada pela acit, pelo grupo Chiquito & Bordoneio, no seu 4º cd e é resultado de uma parceria com o Ronildo de Andrade Pontes (Canhoto) e Mauro Lanfredi. Grande sucesso e abraço à familia Bordoneio.

QUERIA FAZER UM CHAMAMÉ PRO AMOR
FAZÊ-LO VIBRAR DENTRO DO SEU CORAÇÃO
GURIA DOS MEUS ENCANTOS ESCUTA ESTA CANÇÃO
QUE EMBALA MEUS SONHOS MOÇOS NA VOZ DESTE CANTOR

ME MOSTRA TODO ENCANTO QUE O TEU SORRIR CONTÉM
COM TEU JEITO TÃO GRACIOSO, OLHAR MALICIOSO
QUE UM DIA DIRÁ TAMBÉM, TE QUERO JUNTO AO MEU CORPO
ESTAMPANDO ESSA FELICIDADE
TE AGUARDO GINETEANDO ÂNSIAS E DOMANDO ESSA SAUDADE

EU SINTO TEU PERFUME EXALANDO PELA SALA
SONHO EM CASAR CONTIGO PRO MEU RANCHO TE LEVAR
NÃO SEI SE EU TE ESPERO OU ARRISCO EM TE BUSCAR
SEU AMOR É TUDO O QUE EU QUERO ESTÁ ESCRITO EM MEU OLHAR

truco adelante !!

chamamé - ritmo musical binário
ginetear - aguentar trancos em cima do lombo de um animal ainda não domado

Lendas do Rio Grande - Negrinho do Pastoreio

Esta pintura está localizado no Palácio Piratini, Sede do governo do Rio Grande do Sul em Porto Alegre, e é do mestre Italiano Aldo Locatelli.

Bueno... ao aceitar a sugestão do meu Amigo André, começo a falar das coisas do pago, inclusive suas lendas e tradições.

Saliento que existem algumas versões para a mesma lenda, mas como não tenho a pretensão de ditar normas e sim repassar mui humildemente alguma coisa da nossa gloriosa e abundante cultura, vou citar, suscintamente o que reza a lenda como me foi, atavicamente, passada.

Nos tempos de escravidão, perto do final do século XIX, em alguma estância nos pagos do Rio Grande do Sul, um estancieiro, sem piedade alguma em seu coração, manda um dos seus escravos, um negrinho, beirando os quatorze anos, pastorear seus cavalos e que os trouxesse em segurança até a sede da estância. Ao chegar com a tropilha, feliz por julgar estar obedecendo á risca a ordem do patrão, o negrinho foi impiedosamente chicoteado, pois o patrão percebeu a falta de um dos seus cavalos, um baio de cabos negros. Após a surra, ainda teve, o negrinho, que retornar ao campo para localizar o cavalo extraviado. Localizando-o, após horas de procura sob a luz ínfima de uma vela, o negrinho ainda, em frustrada tentativa de laçar o animal, vê o laço estourar e afastar ainda mais o objeto de sua procura. Não conseguindo êxito na sua campereada, este volta para a estância com o coração apertado e com a certeza de mais um castigo, fato que realmente se concretizaria através das mãos fortes e da transferência odiosa do castigo repassado contundentemente pelos tentos de um chicote. Não obstante a isso, o patrão ainda o deixa nu, e como forma de castigo mais cruel pelo ocorrido, o amarra em cima de um formigueiro no campo para que as formigas ainda o torturassem com suas picadas. Passado um dia do ocorrido, e sem remorso algum em sua consciência, o patrão foi ao local para verificar o estado do negrinho que, para seu espanto e incredulidade, estava em pé, sem marca alguma dos ferimentos das formigas e das chicotadas sobre a pele e com a Virgem Nossa Senhora ao seu lado. O patrão então caiu de joelhos implorando perdão, pedido que não foi nem sequer respondido pelo negrinho, que após beijar a mão da Nossa Senhora, partiu montado no baio ponteando a tropilha.

Desde então, ao se perceber o extravio de alguma coisa, apela-se ao Negrinho do Pastoreio, acendendo um toco de vela, para que ajude-nos a encontrar o bem:

Foi aqui que eu perdi
Mas Negrinho vai me ajudar
e se ele não achar
Ninguém mais conseguirá!

e assim reza a lenda...

truco adelante !!

estância - propriedade rural
pagos - referencia a terra, localidades e/ou cidades
pastorear - analogia ao pastor. cuidar e/ou buscar ovinos/bovinos/equinos
tropilha - coletivo de animais - equinos
baio de cabos negros - pelagem de cavalo - ja descrito em topicos anteriores
laço estourar - diz-se que o laço estoura quando ele arrebenta os tentos trançados
extraviado - perdido, sem localizacao exata
chicote - artefato com tentos (tiras de couro cru) trançadas na ponta de um cabo de madeira utilizados para castigar animais
ponteando - ir a cavalo à frente da tropilha